Quando alheado do tempo e do local,
andando à beira do ribeiro....
levanto a cabeça, e...
vejo-te... miro-te...
uma mão linda brincando com a água...
criando pequenos círculos e remoinhos,
onde os teus dedos poisam...
A pele branca imaculada, o corpo estendido...
em repouso, um joelho no ar,
uma posição perfeita de abandono...
o espírito embevecido com o além..
Cubro-te com a minha sombra,
e refresco-te com o meu olhar...
Abandonada, pressentes-me...
Abres os olhos, olhas-me, sorris...
O espirito condensa-se e cai,
encarniçado como os raios de sol neste cair da tarde.
És agora viçosa, e a Noite...
abraça-te, qual apaixonado, esperando a delícia de um beijo.
As estrelas, são meus olhos, que te olham esperançados,
te dignes olhá-los.
Com o cheiro da relva molhada, cresço...
faço-me homem, e caminho para ti,
como miragem vinda de lado nenhum.
O som do silêncio,
só é quebrado pelo marulhar das águas que correm
brincando com as pedras....
como criancinhas, saltando, virando e torcendo...
Procuramo-nos, aproximamo-nos...
chegamos tão perto que quase nos tocamos realmente...
A um milímetro de ti, sinto a fragrância da tua pele,
que se evapora num suave odor do teu corpo ainda ardente...
Olho-te, e vejo reflectido nos teus olhos
o brilho das minhas estrelas...
Escuto-te, e ouço no silêncio dos teus lábios a palavra Desejo...
Deixamo-nos ficar, de olhos nos olhos,
de alma na alma, sem darmos conta do tempo que passa,
sem percebermos que em nosso redor a manhã acordou,
e o nascer do sol canta o
nosso Amor.